domingo, 24 de agosto de 2008

Pra onde nasceu Getúlio Vargas

Sinto o gosto do sangue na boca
MInha pela arde em fogo
Em chama arde mais meu peito
Viver é difícil
Vamos jogar o perigo do teu jogo
A respiração se descontrola,farta
De manhã já vou ser outro
Um pouco mais fácil
Não quero mais a fumaça na garganta
Vou pegar um avião
Pra onde nasceu Getúlio Vargas
Vou aparecer no teu endereço
Te divertir com meu sotaque
Quero chegar aonde vai a tua mão
Te dar um acaso destemido
Perco a alma em vã temporalidade
Além do além mais além
Te confundir com a simplicidade
Que é tudo o que nos convém

sábado, 16 de agosto de 2008

Uma centena deles

Confusão.Barulho.Fumaça.Seca.Estomago.Solidão.Paranóia.Indiferença.Arrogancia.Independencia.Seguro-desemprego.Pais.País.Avião.Revólver.Contra-tempo.Iggy.Arroz.Medo.Silêncio.Aspirina.Branco.Soma.Cabo.Espelho.Cicatriz.Fim.Champoo.Pedra.Bola.Sol.Ponte.Deus.Rápido.Avestruz.Espiritual.Pormenor.Tamanho.Vela.Obviedade.Catarse.Livro.Hora.Paixão.Repugnância.Tosse.Sofá.Plano.Bit.Depois.Musíca.Língua.Copo.Ferida.Carro.Conta.Café.Retalho.Dívida.Casa.Namoro.T.v.Yuppies.Informação.Desculpa.Bar.Viaduto.Folha.Emprego.Chance.Dúvida.Amor.Incompreensão.Ok.Metrô.Sono.Bandeira.Olho.Dados.Saliva.Expectativa.Stones.Chuva.Tempo.Raiva.Aluguel.Susto.Depressão.Poder.Isso.Cansaço.É.John.Crescer.Apatia.No.Chá.Mundo.Filme.Moderno.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Breve

Eu sou o perfeccionista do erro
a atmosfera cinza e suja do desespero
O estomago revirado dos party addicts
a ressaca moral dos infelizes
Eu sou a corda no pescoço dos suicídas
O veneno perigoso que sai dos inseticidas
Eu sou o errante das paixões
e é isso o que me convém
Eu sou a morte e o esquecimento
Eu sou o mal a renegar o bem
Do bairro-alto a portugal
da casa velha ao natural
Eu sou o fim da inocencia
eu sou a saudade da independencia
na dependencia caótica
Eu sou a ilusão de ótica
Na memória permanente
Eu sou a frente de batalha
do soldado desertor
Eu sou o ridículo do amor
O cão que ladra a madrugada
Eu sou a fada que destrói
Eu sou o fado que corrói
Eu sou o espelho

domingo, 10 de agosto de 2008

Poema da vontade

Eu queria fazer um filme com você
te transformar em película
Te preparar um chá e te ver sorrir
Eu acho que devíamos nos casar

sábado, 2 de agosto de 2008

Filme noir

Era julho em São Paulo.Chovia forte e feio.A paisagem era ainda mais desagradável do que habitualmente costumava ser.Dentro do carro,parada no sinal as 4 da manhã,ela procurava não dormir,procurava esperança,não enlouquecer de vez.Depois de andar de bar em bar desde as nove da noite,as coisas se confundiam,a noite se parecia com a anterior que se parecia com a anterior e com a anterior e com a próxima.Os cigarros acabaram.Parar em um posto 24 horas,uma loja de conveniência,abastecer o carro e ela.Os amigos já não estavam,se perderam por ruas e moteis e festas particulares.Dentro da loja ,sentada no canto com a aparência de estar ainda mais perdida que ela,havia uma garota,uma perdida.Com uma xícara de café,uma blusa listrada,o cabelo grudado aparentava não ter cuidado nenhum.
-Não se importa de me dar um cigarro?Eu vi que você comprou o último maço de Carlton red.
Ela queria mesmo falar com a 'perdida',e agora era ela quem se aproximava,podia ser sorte,a salvação de uma noite já sem expectativas.
-Pega,eu também não fumo outros.
O silêncio enquanto acendiam os cigarros,e enquanto fumavam,ela gostaria de dizer alguma coisa,mas não queria parecer carente,embora isso fosse evidente.
-Você mora por aqui?
-Eu não sou daqui.
O sotaque já denunciava,mas era preciso confirmar.
-Você pode me dar uma carona?
-Pra onde você vai?
-Pra onde você vai?
Era aquele momento em que a resposta era a chave do que ia acontecer.Pensar rápido a essa hora,ainda meio alta por tudo usado nas horas anteriores não era tarefa fácil.
-Entra.
Ela tirava a jaqueta de couro preta de um jeito essencialmente sedutor,as pernas demasiado brancas na mini-saia que contrastava com o frio da ocasião,as botas altas,o colar e os brincos...tudo era milimetricamente cinematográfico,como num desses filmes noir,em que se diz pouco e as cenas se seguem sem muita coerência temporal.
-Você tem alguma coisa aí?
-Tipo o quê?
-Tava pensando em cocaína.
-Não tenho,mas posso arranjar se você quiser.
-Depois.
-E agora,eu não sei onde te deixar,você não me disse ainda pra onde vai.
-Já disse que vou pra onde você for,não faz diferença.
-Eu vou pra casa.
-Pra mim parece ótimo.
-Eu não te conheço,você ainda nem me disse o seu nome.
-Você não acreditaria ser o meu nome verdadeiro e isso também não faz a mínima diferença.
-Você é sempre assim,misteriosa?
-Só quando eu encontro alguém que não precise saber quem eu sou.
-E o que me faz ser alguém assim?
-Você comprou os cigarros certos.
Outra vez silêncio,outra vez o carro parado no sinal.Os olhares desconfiados de uma,fundos de outra.Um beijo desconfortável que se transforma rapidamente em uma chama perigosa.Enquanto sentia aquela língua quase desconhecida e misteriosa no seu pescoço frio de suor,ela sabia que aquilo iria mudar alguma coisa,e parecia ser bom.O rádio tocava uma coletânea feita por ela,só com músicas para noites de chuva.Last night I dreamt that somebody loved me,dos Smiths,era a trilha do momento.
Mas dessa vez os braços quentes em volta dela não eram falso alarme.O sinal abriu,a sua blusa também.Encostar o carro à beira da calçada enquanto se abre um soutien é mais complicado do que parece,ela pensa.Encontrar alguém que salve a sua vida,ou a sua noite,também é.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Trechos de um conto

-Antes que o taxi chegue,por favor ouça isso.Você tem que me prometer que não vai se apaixonar por mim.
-Quem disse que isso vai acontecer?
-Eu sei que vai,nós já estamos naquele ponto em que isso tem que acontecer querendo ou não.Agora há duas opções:eu continuo sendo atencioso,romântico,educado,divertido e promissor,o que só levaria você a uma paixão forte e tola por mim,ou posso fazer o que estou fazendo agora.Dizendo a verdade,expondo as cartas,assim quando acabar pelo menos eu não vou me sentir culpado.
-Achei que era só um jantar e uma boa noite de sexo,mas aparentemente você é menos normal do que eu achava,não?
-É que eu não diria isso,sabe...mas ultimamente eu tenho sido culpado demais quando isso acontece e tenho tido até um certo remorso,e isso é mesmo ruim,então achei que assim fosse melhor.E você parece uma mulher moderna,dessas que leêm as revistas femininas e vivem dizendo por aí que o bom é ser sincero.Pronto,tá aqui um homem sincero!
-Mas e aquela história dos gostos em comum e de querermos os dois um relacionamento maduro,você inventou aquilo tudo só pra me comer?
-Desculpa,eu sei que é um péssimo hábito.
-Hábito?!?
-Hobby,hábito,costume...ora,sei lá...é o que eu faço,sou um homem solteiro,você estava lá,a conversa fluiu,e essas coisas vão surgindo,vou tendo as idéias na hora,mas isso não interessa.Só te falei isso tudo porque você parece uma boa pessoa.
-E você é um idiota.
-Porém,um idiota sincero.Você preferia um cretino mentiroso?
-Meu taxi já deve estar chegando.
-Não me leve a mal,tá bem?Não é pessoal,sabe...eu nem te conheço direito.
-Eu devia parar de dormir com caras como você.
-Você não conhece caras como eu.
-Por que?Você é especial,agora?
-Esquece o que eu falei,eu quero que você se apaixone por mim,agora,aqui nesse quarto de hotel,de novo.
-Você é louco!
-Eu paguei o hotel até de manhã.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Eventualmente,sim

Deixo o sol levar os anseios e expectativas
Deixo o verão passar ao lado com a força de mil cavalos no peito
O sermão que eu ouvia por morrer sempre as sextas e renascer aos domingos
Os santos que eu vi pecar quando não existe pecado me dizem adeus
Os olhos da maldade estão fechados,o sinal também
Falta um ar de lucidez na janela do quarto da alma exposta
Falta um cinzeiro na mesa do centro da sala
Tanta gente hoje descansa à beira da estrada por onde eu passo que
É especialmente gritante a linha que corta o desespero e a redenção
E eventualmente eu vou voltar a errar por querer e mentir de propósito
O vento é amigo do relógio,andam de maõs dadas entre ruas e carros
Me disseram que você andou dizendo coisas que você não diria
Fazendo coisas que não faria,abrindo a porta a estranhos que vão te possuir
A nossa juventude já lá se vai,dia após dia,segundo a segundo
Mas depois de muito tempo nós entenderemos o que as paredes do meu quarto diziam

Interlúdio

...

terça-feira, 15 de julho de 2008

O relógio do mundo

Nesse instante há um nascimento,e um aniversário e um funeral. Há também um casamento.É certo que há um amor surgindo enquanto outro se despedaça.E há um velho saudoso,e um adolescente revoltado,e uma jovem ansiosa por ser amada à primeira vez.Nesse instante há uma catedral em visitação e um culto em andamento.Há um suicídio planejado e um grande acontecimento.Há uma criança que chora atenção,um negro explorado,um judeu em negociação e um cristão culpado.Nesse momento há alegria na sala de jantar e tristeza no quarto dos hóspedes.Há um novo cão chegando ao mundo e um pássaro aprisionado.Há saudade nos apaixonados,há desespero nos desempregados,chove em algum canto e faz sol noutro qualquer.Nesse minuto há um homem que espreita o assaltado e há a dor de uma mulher.Há inquietação nos corredores e boatos pelas calçadas,há um pênalti perdido,uma linha de chegada ultrapassada.Há um acidente recém-noticiado,um falecimento anunciado.Nesse instante há uma canção sendo tocada e fazem amor no quarto de uma empregada.Há um viciado esperando o alívio,há um dilúvio numa ílha exótica,há um mágico fazendo ilusão de ótica em algum circo individado.Tem sido assim por muito tempo e assim há de continuar a ser.Até que Deus atravesse o quarto e desligue a luz e vá adormecer,há de ter sempre um casamento,um nascimento e um funeral.Há de ter cura pro tempo que passa e há de ter um bem para todo o mal.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Todo mundo sabe

A noite começou,as pessoas fingiram ser alguém,você se lembrou de mim
Assustada por ser capaz de ser mais forte do que costumava ser
O vento te toca os seios parcialmente soltos pelo seu vestido de verão
Todo mundo sabe que a lua é a mesma em qualquer lugar do mundo

Os ruídos da rua de trás,um grito desconhecido,um brinde na mesa ao lado
A aparente alegria por estar viva se confunde com seu belo sentimento de culpa
Pelo passado já enterrado,pela terra no sapato,pelo tiro pela culatra
Todo mundo sabe que a lua é a mesma em qualquer lugar do mundo

O fim do seu papel de moça,a roupa amarrotada,o beijo da mudança
Você esqueceu a porta aberta e era possível ver tudo de cima da árvore
Mas você estava lá no outro dia cedo,no parque da cidade
Todo mundo sabe que a lua é a mesma em qualquer lugar do mundo

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O que ela pensou em fazer

Mil anjos acompanhem a menina quando ela passa pela portugal com um copo na mao
E mil anjos a guiem quando ela não estiver certa de onde está
e a ajudem quando ela não souber quem eu sou e estiver insegura
Que eles a peguem pela mão e a levem pra casa quando ela estiver alta demais pra conseguir sozinha
E que mil anjos a façam ouvir sua música preferida quando ela estiver triste
e toquem o seu telefone quando ela achar que não tem ninguém
E que eles a façam dizer 'não' na hora certa e que também a façam dizer 'sim'
E que todos os dias ela possa se sentir feliz,ainda que por uns minutos
Mil anjos coloquem na frente dela algo que a faça se lembrar bem de mim
Ou que coloquem outra coisa se isso não for possível
E que eles a façam brilhar mais do que as outras que tentam apagá-la
E que mil anjos a façam se sentir mais bonita e mais querida quando ela estiver na frente do espelho
E que a façam chorar de emoção pelo menos uma vez no mês
E que a protejam de todos os que a querem só por querer
E que mil anjos provem que ela estava certa quando alguma injustiça aparecer
E que eles a façam sorrir quando ela abrir a janela de manhã
E a deixem ter o sonho mais lindo quando ela for dormir triste
E que mil anjos mostrem a ela que tudo na vida passa
E que eles se lembrem de dizer a ela que o amor existe quando ela se esquecer

terça-feira, 1 de julho de 2008

A bailarina e o poeta

A bailarina é a poesia na vida do poeta
É a expressão visual do que ele sente
Em toda a sua elegância discreta
É a inspiração de um movimento
No silencio de uma valsa sincopada
É a nota mais aguda de uma harmonia
A bailarina é um sentimento hipnótico
À girar no peito do poeta urgente
De passos marcados e compassos
Sua melancolia quase imaculada
É ilimitável é a ternura do seu deslizar
A bailarina é o mirante do poeta colérico
É seu antídoto e único calmante
Ela é promessa e tarde chuvosa
É displiscência e dedicação
A bailarina é a vida na poesia do mundo

sábado, 21 de junho de 2008

Temporal

Ah!se eu pudesse quebrar o relógio
E o relógio parasse o tempo
E o tempo congelasse a espontaneidade
E a espontaneidade preservasse a juventude
E se a juventude pudesse conservar o futuro
E o futuro mantivesse a esperança
E a esperança suportasse nossa liberdade
E esta fosse suficientemente eterna
E se a eternidade tivesse forças
Para conter o espírito
E o espírito fosse sincero o bastante
E tal sinceridade pudesse derreter o tédio
E o tédio fosse capaz de nos unir
E a união pudesse afastar a novidade
E a novidade não estivesse tão ultrapassada
A ponto de nos fazer tristes
E se a tristeza não fosse tão bela
E a beleza não fosse tão temporal
E se o tempo não tivesse tanta razão
E eu pudesse quebrar todos os nossos relógios

domingo, 18 de maio de 2008

É nessa

Ela é borboleta.
É cordeiro.
É áries.
Ela é direito.

Tem um temperamento moreno,
e os cabelos calmos.
Tem os olhos grandes
e um coração castanho.

Ela é um foguete
em direção à lua.
É de corpo e alma
nua.

Ela é palavra.
É desejo.
É ocupada.
É besta.

Tem uma inocência maliciosa
e uma malícia inocente.
Ela é beleza simplesmente.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Poema da despedida

És uma dama devassa,senhora saudade,
Já amaste a tantos antes e depois
de me roubares o fogo da alma e da fé
Antes de me matares com os braços que não tens
E de mentir-me tantas e tantas vezes
Foste vil e infiel,senhora saudade,
e me levas o peito em procisão pelo passeio
E pisas forte sobre o coração há tanto entregue
Floreado nos invernos mais frios e distantes
foi meu amor por ti,senhora saudade,e
agora resta-me o destino dos miseráveis
Dei-te a pérola mais rara dos mares esquecidos
e os abraços mais quentes em tempestades de neve
Fugi do mundo pra te encontrar sozinha sob o véu
das nuvens que jazem felizes na imensidão
Dei-te horizontes e livros e centenas de poemas
e foste tão severa,senhora saudade
Peço assim que não julgues mal,mas não acho que o faria
Diante de um infinito de agonia
não vejo saída senão escrever-te a pedir perdão
pela carta que escrevo dizendo que vou morrer

domingo, 11 de maio de 2008

A perfeita criação

Eu sou uma pessoa muito apaixonável(não confundam com apaixonante,o que eu não poderia dizer de mim mesmo).Eu tenho o dom,ou o defeito,de me apaixonar imediatamente por certos tipos de garotas.Por exemplo,garotas apressadas.Correndo de um lado pra outro com suas mochilas e fones de ouvido.Tão distraídas.E as garotas nos pontos de onibus a noite.Saindo de seus trabalhos,cansadas,atendentes de lojas.Ah,as atendentes de lojas!Sempre tão simpáticas e solícitas.Eu compraria a loja inteira por elas.Alguns lugares também suscitam paixões instantâneas,como aeroportos e rodoviárias.As garotas nos aeroportos...ainda no clima tropical do Brasil mas já vestindo aqueles sobretudos e casacos pesados à espera do terrível frio de seus destinos.Não dá vontade de comprar uma passagem e ir com elas pra onde elas forem?E as que chegam então? Com suas bolsas e malas pesadas,esperando na rodoviária alguém que as pegue.Tão indefesas e frágeis com aquele peso todo.Garotas que fazem alguma coisa também são encantadoras.Ballet,piano,faculdade,violino,defesa pessoal...eu não me importo.Só quero que elas façam alguma coisa e já me interessam.E as perdidas,as que não sabem de si,que ficam a andar sem alguém que as compreenda.Eu as compreendo!As que fumam tem um certo ar blasé,algo de despresível,viciantes.Especialmente as que mexem nos dentes entre uma tragada e outra no cigarro.As que bebem café,não como uma simples bebida ,mas como um ritual.As garotas de bicicleta.E as que correm todas as manhãs,e as que fazem dieta,as que adoram doces,e as semi-anoréxicas-porém-saudáveis,e as tímidas,e as atrevidas.As cariocas,essas merecem um capítulo à parte,tal como as do Sul,que se diga sempre!E as que dançam,essas são sublimes.Todas essas são de um encanto especial,porque toda mulher tem uma beleza única,são como diamentes,não podem existir duas iguais.Deus seja louvado pela sua mais perfeita criação!E ainda tem você.Sim,você,lendo agora esse texto.Quase esqueci de dizer,as que me lêem...fascinantes.Acho que essa seria a resposta à qual o meu tipo de mulher,mas acho que isso não explica muita coisa,pois não?

sábado, 26 de abril de 2008

O jardim

Eu me perdi no meio do deserto.E vc sabe que podiamos ir mais longe,sempre,sempre,sempre...
Você é bem-vinda aqui onde ninguém veio.Eu sou o homem sentado no seu telhado,esperando.Eu sou o seu ladrão,seu assassino.Deixe a morte entrar pela janela do seu quarto.Não tenha medo dela.Eu seu o seu fim,exato como o nada.Tudo é suposto pra se ter um fim,por que recusá-lo quando ele chega?
O rei é deposto,o impostor fica com o trono.Vamos,eu estou a espera,no meio do deserto,no telhado,na janela,no muro e do outro lado.Ofereça o preço a mim,saiba oferecer,eu pago o seu.Vamos ao banquete dos destemidos,a coragem pede perdão ao coração que a suportou.Me deixe te matar só por hoje,vamos mais além.Me mate também,e seremos só duas gotas de suor no banco de traz do carro.O veneno do erro divino está servido.O pecado da eternidade etérea.É só um dia de verão,sonhe.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Poema a perda fundamental

E é tanta coisa,tanto aperto contido num salto
que o caminho não é nada além da pedra,e só
O dia encerra,vai indo,indo...até não cair mais
E nenhum apaluso ou porta nem mesmo luz
Sempre foi um futuro e nunca passou de passado
Foi desenhado,pensado,sonhado,apagado
Na praia morreu e nem nada encontra
Vai,vai,vai e não sai do lugar
É dia de festa,acorda,levanta,chegou
Todos a espera do seu frio e impactante dia comum
E seus olhos não enxergam mais como antes
E da sua boca não saem mais palavras sedutoras
E seus braços já não tem a mesma força
E já não é capaz de lhe dar outra vida como já pôde
E não sonha mais,e quando o faz,já não há mais cor
E está para esperar que não mais esteja
E chove,e é inverno,e os que esperava não foram
E já não pode mais reclamar,não pode mais nada,e só

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Paradiso

Em relevável deslize eu me apaixono por você
E peço que não leve por mal se o faço tão subitamente
Intencional seria se o tempo se estendesse por mais
Mas creio não haver meios de esquivar-me do sentir
Agora se permites, senhora, não vá assim pela rua
Como se não levasses em tua bolsa o meu peito
E em teu olhar, meus olhos e em tua cabeça, a minha
Peço-lhe e tão somente o posso em suposição
Não deixar de trazer meus sonhos em tuas mãos
E que fique sentada e apenas seja e não pense
Por mais todas as horas que o tempo possui
E que deixe que eu seja teu guardião e protetor
E ainda teu tutor pra tudo que de ainda não sabes
Me deixe acompanhá-la em cada manhã e até a noite
E, é certo, que todas as tardes tenham tua presença
E tua silenciosa música ambiente as ruas por onde passo
Suplico-te que não me digas nunca adeus ou coisa tal
E todas as tuas partidas sejam nada mais que intervalos
E que esses durem menos do que o tempo de um dia
Não deixe, senhora, que eu vire uma carta amarelada
Mesmo que uma boa lembrança, me faça presente
Porque o presente tem sempre uma porção de futuro
Mas uma lembrança não tem nada além do que já passou
Perpetue a tua primavera e faça meu outono indolor
E nós poderemos ser colombina e pierrot em agosto

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Maria Rúbia

É pena Adão não ter conhecido você
Pois se tivesse a única maçã que desejaria
Seria a que preenche seu rosto.
Da vinci teria desenhado um sorriso
Mais quente na Monalisa.
Nietzsche teria sido cristão convicto,
Salomão defenderia a monogamia,
Hércules acrescentaria a tua conquista
Aos 12 trabalhos
Romeu esqueceria Julieta
Joana D'Arc seria uma mulher comum
A índia do romance teria outro nome
Que não Iracema.
Ao invés de olhos de ressaca
Capitu os teria verdes como os teus
A Luíza, a garota de Ipanema, e a Carioca
Roeriam-se de ciúmes da tua beleza.
O tempo e o vento,
As guerras e a paz,
As cruzadas e as descobertas,
As pirâmides e os monumentos,
A estátua da liberdade,
Todas as músicas,os livros,as poesias,
Os poemas,as óperas ,os romances
E as peças de teatro.
Os originais,as sequências e as trilogias,
Tudo seria inspirado nos seus olhos,
Cabelos,lábios e contornos.
Há os que gostam de escrever poesias,
Os que gostam de lê-las,
Os que não gostam e os que nem ligam pra poesia.
Todos esses são seres ordinários
Que se encontram em qualquer esquina.
Mas você não é de nenhum desses tipos.
Você é do tipo que inspira os poetas
E todos os artistas.
Inspiram poemas como esse,
ainda que este seja um poema metido à besta.
Mas uma qualidade este poema há de ter!
Porque nenhum poeta ou artista
Teve a chance de conhecê-la,
E assim eu,e apenas eu,
Posso dar a um simples poema
O teu nome
Maria Rúbia.


*O favorito,sempre

domingo, 27 de janeiro de 2008

O bloco dos amores perdidos

Abram alas todos que o bloco dos amores perdidos chegou
Pra seu desfile anual de ilusões e desencontros.
Os corações já estão preparados na concentração
E os foliões desavisados já jogam sepentina e confete
Achando que esse é só mais um grupo de mascarados.
Não,senhoras e senhores, estão muito enganados!
Essa é a passarela da esperança perdida
E lá vem a comissão de frente com seus planos,
Suas promessas não são originais mas são belíssimas!
Vejam só que maravilha,meu povo, é esse carro alegórico
Todo pintado com as cores de primeiros encontros.
Reparem no detalhe das flores e chocolates.
Agora vem adentrando a avenida a ala das mentiras,
Prestem atenção aos detalhes escondidos sob as máscaras.
Lá no fundo já podemos ver mais um carro surgindo,
E esse vem com vários tons de decepções,olhem bem.
Várias pessoas vem abrilhantando a festa paralelamente
Nas ruas transversais.São eles, os blocos de embalo,
O 'bloco da discórdia', seguido pelo 'o amor vai embora de manhã',
E o mais esperado:o 'bloco da solidão' que vem por último
Trazendo consigo a multidão delirante enfeitando a noite.
Os foliões já sentem a iminência da manhã por surgir
Quando o último carro vem encantando a todos
Com suas representações de desilusão e tristeza.
Sim, senhoras e senhores , é o carro-chefe do desfile!
E o bloco dos amores perdidos vai se despedindo do povo.
O sol já pode ser visto no horizonte da avenida,
Todos choram e se abraçam emocionados pelo espetáculo.
É a inevitável quarta-feira de cinzas que vem pôr fim a festa.
E sozinhos, todos vão embora já pela manhã
Deixando pela avenida lágrimas e despedidas definitivas,
Sentindo-se parte do bloco mais fiel e tradicional da festa,
O único do qual todos um dia participam:O bloco dos amores perdidos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Um segundo

Sob a luz fraca do abajur eu te vejo levantar os olhos
serenos
Seus olhos roubam dos meus um momento de solidão
sem saber
Eu olho pela cortina entre-aberta e vejo a noite lá fora
não há mundo
Somos dois sobreviventes do que por aí se chama vida
não havia até hoje
Uma fotografia sobre o criado-mudo e agora não minto
sou verdade e só
Eu passo a odiar tanto os relógios ou qualquer medida
o tempo mata
Meu pensamento se abre em uma tempestade capital
sem querer
E sua boca me afoga em sussurros e palavras abafadas
aflitas

domingo, 20 de janeiro de 2008

Poema aos olhos do meu bem

Os olhos do meu bem,ah!vou lhe dizer uma coisa,amigo,
Não são assim como esses que a gente encontra em qualquer arpoador
São de uma pureza quase imaculada e de malícia tamanha
Que ante o fitar inevitável eu peço a Deus que me abençoe
Os olhos do meu bem são verdes como o azul do mar
Me dá uma tristeza enorme ver os navios partindo
E eu vou ficando só,comtemplando de longe a beleza
De uma simplicidade religiosa e um despudor que afoga
Os olhos do meu bem são uma confeitaria francesa
Libertinos e ecumênicos ,eu te digo à exemplo
Possuem uma lentidão inóspita que desatina o espectador
E uma felicidade tal qual a defloração de um sonho inesperado
Os olhos do meu bem são duas montanhas renegadas
Duas espadas furtivas penetrando a lua cheia
Gotas de água caindo de uma folha sobre a boca úmida
São,sim! e como são, dois poemas de amor oferecidos
Os olhos do meu bem são duas certezas,ambas duvidosas
Um abismo e uma corda separando o ponto e o fim
São dois mendigos castos santificados em verdade
Santos que descem e cortam o fio transparante da razão
E eu não posso entrar muito em detalhes, amigo,
Ou apaixonaria-se por eles igualmente
E a morte viria certamente sobre um de nós
Em duelo como há muito nunca se dará a ver
Porque devo dizer-lhe, e de fato o farei,
Não há nada sob o céu ou sobre o mar
Que se compare seja por vista ou por gosto
Com a paz que emana dos olhos do meu bem

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ouro de sábio

Todo o meu reino por um pouco de seu sorriso
Nada pode ser demais pra quem espera
Nenhuma mentira deixa de ser sincera
Quando matar o que me mata é preciso

Milhas e milhas de sonhos a vir
Em sobre águas e continentes
Fios e fios interligados sensivelmente
Ao fim de tardes cheias de sentir

Todo o meu tesouro por seu cabelo dourado
Potes e potes de ouro puro
Estrelas e luas-cheias refinadas em vinho

Minha garantia e porto-seguro
O diamante mais belo que um dia sozinho
Eu jurei proteger o seu coração roubado

domingo, 6 de janeiro de 2008

"You're so vain,you're so vain...''

Não sei,sinceramente não sei.De que vale ser honesto pra si mesmo quando a verdade não é bem-vinda? Eu prefiro dormir bem alimentado do que acordar com fome.Mas não se trata disso,não é mesmo? Nem sabemos do que realmente se trata. Eu podia ter sido bem mais vulgar,você pensou antes de desligar.É,você podia. O que realmente faz diferença não é o que você fez,mas o que não evitou.Ah,sempre tão falsamente inteligente,forjadamente esperta,astutamente madura...Você não sabe nada.Nada. Você perdeu o fio da meada e nem reparou.Aliás,você não repara mesmo a maior parte do tempo.Deixei a barba crescer,você reparou.Mudei meu comportamento com relação a tudo ,e vc nem desconfiou. Isso é o melhor em você,sempre achando as coisas erradas,invertendo os pesos e medidas,é engraçado.Você é engraçada.Você e suas paranóias infantis e vazias.Sua mania de se distanciar dos pontos de ônibus e mesas centrais.Sempre no canto.É claro,quem se distancia aparece mais do que os outros.E é isso que você sempre quis.Não ser só a menininha quieta no canto,aquela que ninguém ouve quando fala suas opiniões que não dizem coisa alguma.No fundo você é só uma confusão que eu inventei. E aposto como agora está esperando que eu termine pra finalmente poder criticar e ir dormir em paz.Achando que é sobre você,como sempre acha.Esta é uma obra de ficção,então não seja tão pretenciosa.E durma bem.