terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Paradiso

Em relevável deslize eu me apaixono por você
E peço que não leve por mal se o faço tão subitamente
Intencional seria se o tempo se estendesse por mais
Mas creio não haver meios de esquivar-me do sentir
Agora se permites, senhora, não vá assim pela rua
Como se não levasses em tua bolsa o meu peito
E em teu olhar, meus olhos e em tua cabeça, a minha
Peço-lhe e tão somente o posso em suposição
Não deixar de trazer meus sonhos em tuas mãos
E que fique sentada e apenas seja e não pense
Por mais todas as horas que o tempo possui
E que deixe que eu seja teu guardião e protetor
E ainda teu tutor pra tudo que de ainda não sabes
Me deixe acompanhá-la em cada manhã e até a noite
E, é certo, que todas as tardes tenham tua presença
E tua silenciosa música ambiente as ruas por onde passo
Suplico-te que não me digas nunca adeus ou coisa tal
E todas as tuas partidas sejam nada mais que intervalos
E que esses durem menos do que o tempo de um dia
Não deixe, senhora, que eu vire uma carta amarelada
Mesmo que uma boa lembrança, me faça presente
Porque o presente tem sempre uma porção de futuro
Mas uma lembrança não tem nada além do que já passou
Perpetue a tua primavera e faça meu outono indolor
E nós poderemos ser colombina e pierrot em agosto