terça-feira, 21 de agosto de 2007

São 3 da manhã,e você está sozinha,sentada em um lugar qualquer.E sabe que nunca mais vai ser a mesma coisa,depois dessa noite.
Você pode viver mais duzentos anos,pode conhecer cada metro quadrado de mundo,não adiantaria.Ainda estaria vivo na sua memória cada segundo da melhor noite da sua vida até então.Os outros achariam que foi só uma noite agradável,um encontro bem-sucedido.Suas amigas diriam que é exagero.Mas nada furta o segundo que vocês se entre-olharam(*isso se escreve assim mesmo?),a música perfeita casualmente tocando ao fundo,como se escolhida cuidadosamente por alguém,as conversas alheias em volume baixo o suficiente para não se poder distraír,o vento batendo de leve e trazendo as primeiras gotas de uma chuva providencial...Você não planejaria melhor se pudesse.
A proximidade dos rostos,o perfume suave-anestesiando a tensão do inesperado.O som da respiração se misturando à sensação de ser possível ouvir-se seu coração palpitando.Ele nunca foi tão inquieto assim.
O toque das mãos,de leve,propositalmente encontrando-se,mantendo,porém,uma certa interpretação de acaso...você sentia suas pernas bambearem incontrolavelmente,e rezava para que ele não estivesse percebendo,pois isso seria se entregar demais.Como se isso fosse possível!
Seu nariz se encontra com outro,e você pensa que nunca achou que isso pudesse ser tão especial-'é um simples encontro de narizes,ora!'Vocês não poderiam estar mais proximos,não haveriam de ser mais tão pertencentes um ao outro quanto naquele segundo.Pra você,o mundo parou naquele segundo,não havia mais presente,passado,futuro,amigos,compromissos,relógios,medos,nada!Nada podia atingi-los ali,naquele breve segundo efêmero,como não gostaria que fosse.
Parecia que despertava de um sonho longo,mas não,era real,alguém gritava seu nome mesmo.O momento,alguns diriam,se quebrou.Não...jamais se quebrará!Pra você, aquele sempre será o segundo da sua vida.



"...i've seen your flag on a marble arch,
and love is not a victory march,
it's a cold and it's a broken hallelujah..."

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Flor

Ele quer ser o que vai fazê-la dar uma resposta diferente quando perguntarem se ainda está solteira.
Ele quer ser o cara sentado à mesa do almoço de domingo na casa dos pais dela,o idiota que não sabe dançar direito ao lado da mulher mais linda do lugar.
Ele quer ser o bobo comprando flores,correndo atrasado na chuva em pleno dia dos namorados,quando todo mundo já sabe o que vai dar com semanas de antecedência.
Quer ser o cara pra curar o porre dela,perdoar as brigas e irritações daqueles dias-e Deus sabe como é difícil!
Ele quer olhar a tempestade com ela,sorrir do passado,ficar em casa no domingo,"deixar o verão pra mais tarde"...
Ele só quer que ela seja sua Yoko Ono,embora viva dizendo por aí que ela acabou com o John.
Ele quer estar lá,quando ela acender...



"Era um relacionamento saudável,desses que a gente nunca dá valor,pois falta sal..."

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Clara

Eu te vi a primeira vez, você era só uma menininha.
Você ainda é.
Cresceu,aprendeu a mentir.
Descobriu que a vida é fazer de conta que é sério.
Fingiu.
Aprendeu a ser mulher.
Ainda sim,é uma menininha.

domingo, 5 de agosto de 2007

Adeus Maria

Adeus Maria.Eu preciso partir.Reúna todos os meus poucos amigos,mesmo os que já não o eram com tanta intensidade.Junte-os em torno da mesa,e sorriam.E bebam à memória desse desertor que agora se vai.Derramem o pranto mais justo que é o de uma despedida.Talvez um dia,em muitos anos,um de vocês esteja passando por uma rua,pensando nos caminhos nem sempre óbvios que a vida tomou,e então venha aos seus olhos a minha imagem acenando de longe.Quase desaparecido pelo tempo que consome as lembranças do que se foi há tantos verões.Quando alguém oportunamente mencionar-me em certa conversa,diga que a saudade permanece,Maria.Porque em mim ela não morrerá jamais.Saudade de olhar pro seu sorriso,de te ver chegar,de te ver sair...De deitar na tua cama e colocar a minha cabeça pesada no seu colo.E de chorar as vezes e nem conseguir te responder o porquê.Saudade de brigar contigo só pra fazer as pazes na mesma hora.Uma vontade de voltar no tempo e te ouvir contar as tuas histórias,os teus medos.Porque isso é a vida:medo e saudade.Vou sentir falta de sonhar acordado ao teu lado,de te ver dormir.E dessas coisas que os 'fortes' e 'sensatos' chamariam de fraquezas,quando na verdade são as mais belas virtudes que alguém pode possuir.Acho que vou sentir falta até de não sentir tua falta Maria.Eu não sei...será que você nunca vai me esquecer mesmo? Ou eu vou ser só uma boa vaga lembrança?Um retrato no fundo da gaveta,embaixo dos cadernos.É, Maria,por mais que todo mundo viva dizendo que o mundo já foi melhor,e a vida,mais fácil,eu agora me vejo obrigado a concordar com eles.É bom de vez em quando,pra variar,essa coisa de concordar com todo mundo.Ver que a gente não tem que ser especial o tempo inteiro.E poder ser só mais um no meio das pessoas felizes.Você devia tentar.Quando você estiver triste e achar que não tem mais ninguém nessa vida,você tem sim...você sempre tem.Eu preciso partir.Adeus,Maria,adeus.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Telefonema pra Mel

Se eu fosse rico te comprava o mundo inteiro,
por mais piegas que essa frase seja.
Melzinha,promete que deixa teu cabelo crescer outra vez?
Eu gostava mais daquele jeito.
Você me parecia mais fatal,
agora tá muito moderninha,
não combina tanto com o seu rosto.
Olha,você tá se saindo bem demais!
Mas isso não me surpreende,
eu sempre acreditei que você podia,
apesar dos comentários dos outros.
Eles nao sabem de nada, Mel.
De nós,nós é que sabemos,meu bem.
Promete que vem com aquele vestido verde?
Sempre me lembro dele nos domingos de sol,
ainda mais quando chove depois.
Lembra, Melzinha?
A casa pegando fogo,aquilo foi demais!
Você foi demais!
Saudade, Mel,saudade...
Puxa,eu preciso ir!
Já viu que horas são?
E também tenho poucos créditos.
Sabe como eles são,não é?
Acabam de repente.
Eu te ligo semana que vem,Melzinha.
Melzinha?Mel??
Maldito telefone!